DIÁRIO


Ave Maria!

            Julho de 1951

            Nos primeiros dias deste mês o Bispo me comunicou que tinha me escolhido para me enviar em Rio Preto no Brasil. Aceitei entusiasticamente. Junto comigo teria ido outro meu co-irmão.
            O Bispo de Rio Preto – Monsenhor Lafayete Libânio teria nos confiado uma paróquia rural da sua                                           
diocese.                           
            Logo eu comunicarei os vossos nomes ao cardeal – nos disse o Bispo.
            O Cardeal Piazza secretário da Conscistorial organiza e cuida de troca de vocações entre a Europa e a América. Para os sacerdotes enviados ele organiza cursos de estudos no Colégio da Emigração de Roma.
            Alguns dias depois desta comunicação eu fui à Bono.


No dia 09 / 10 de julho de 1951


            Nada expliquei, nem revelei nada de tudo isso para a irmã Imaculada, nem a meus familiares.         Só pedi, que alcançasse de Jesus uma benção para uma missão difícil que o Bispo estava me confiando.
            A irmã  relatou muito contente, que Jesus abençoava abundantemente a missão.
            Alguns dias depois, talvez no dia 13 / 14 de julho de 1951 – chegou ao Bispo um telegrama do cardeal Piazza: “enviar o sacerdote Ângelo Angioni ao curso de estudo, que seria realizado no Colégio Emigrações do dia 17 a dia 27 de julho de 1951”.
            O Bispo de fato, tinha me comunicado que o meu co-irmão não teria ficado livre até o fim do mês de agosto.
            Logo que me foi apresentado o telegrama, eu reservei uma cama a bordo do navio, para o dia 16 de julho. Naquele mesmo dia os seminaristas foram de férias.

          Cheguei a Roma – no Colégio da Emigração, à Rua “Della Scrofa”, 70 no dia 17 de julho, de manhã. Durante o dia chegaram mais 11 coirmãos  das diferentes dioceses da Itália: dois do Piemonte, um de Lodi, dois da Romagna, um da Florença, um de Nápoli, um da Le Marche, três do Véneto. Doze ao total.
            
 No dia 22 de julho de 1951, domingo. Nesse dia fui  celebrar a missa e visitar as Catacumbas  de Santa Inês  na Via Nomentana.  Junto comigo havia um padre de Senna Lodigiana, de nome Cabrini,  um jovem sacerdote de 23 anos. Ele tinha celebrado a primeira missa no último mês de maio. Ele será missionário dos emigrantes em Lucerna, na Suíça.
            Sendo domingo, nenhum sacerdote celebrava nas catacumbas. Os sacristãos estavam ocupados na Basílica  que estava por cima de nós. Nos acompanharam na capelinha subterrânea, e nos deixaram sozinhos. Pediram a nós mesmos de preparar o altar, como também de se ajudar reciprocamente  para a missa. Ficamos muito contentes.

          Outro dia fomos de manhã, visitar “La Chiesa Del Gesú”.
          O sacristão me acompanhou até ao altar de São Francisco Xavier: um precioso relicário  guarda  seu milagroso braço  direito.     Celebrei a Missa pelas Missões: era a manhã do dia 26 de julho , festa de Santa Ana.

No dia 27 de julho  1951, sexta feira, de manhã.

            Fomos visitar o Santo Padre em Castel Gandolfo.
            Nos recebeu numa audiência especial. Pediu a cada um a Diocese de origem e seu destino. Abençoou os nossos crucifixos anexando tantas indulgências: mil dias para cada beijo, indulgência da Via Sacra e em ocasião de morte.
            Na tarde, voltamos para Roma,  onde  o mais alto oficial do concistorial, estando ausente o Cardeal, nos impôs os Crucifixos.         
            Pelos colegas fui designado como vogal da turma a  prestar homenagem  ao alto oficial da Cúria . Nesta homenagem aproveitei para reafirmar publicamente algumas idéias do “Plano missionário”, coisa que levantou interesse e aprovação.

Na manhã do dia 28 de julho de 1951, visita ao Museu Missionário de São João em Latrão.

            Nem é preciso dizer  que quem sempre me acompanhava, era Cabrini, o ”menino” como eu o chamava. Esta ”criança” sempre ficou grudada em mim; ele quis saber de “todas as coisas minhas e de Irmã Imaculada”.
            Diante de algumas das afirmações ficava maravilhado e não concordava. Mas depois pedia desculpa e queria que falasse ainda mais do assunto.
            - O que diria se nos proibissem de falar destas coisas?
            - Não é possível!
            Concluiu que teria feito o voto missionário e até o casamento com Nossa Senhora.
            - Eu vou dizer a Jesus que quer fazer o que fez o Padre Ângelo.                                                          
           Às vezes, eu pensava, gastamos não sei quantas palavras para convencer um colega de idade para fazer entender uma coisa  tão simples e não conseguimos nada. Esse jovem aceita idéias tão arrojadas, só pela  confiança que tem em mim.
            Oh, como erramos quando temos a  ousadia de revolucionar as idéias dos velhos! As revoluções são feitas através dos jovens!

   No dia 28 de julho de 1951, à noite, me embarquei para a Sardenha.
 No dia 29, de manhã,  estava em Ozieri.
            Relatei tudo ao Bispo. Ele ficou contente de tudo.

(CONTINUA...)



 O PLANO MISSIONÁRIO                                       
O “Plano Missionário” nasceu nos anos 40
                 O Bispo de Ozieri (Sardenha-Sassari) Monsenhor Francisco Cogoni chamou o Sacerdote Padre Ângelo Angioni e fez a ele uma proposta: queria fundar os Oblatos Diocesanos, adaptando os Estatutos de Santo Ambrósio e São Carlos da Arquidiocese de Milão.
            Embora eu conhecesse aqueles homens de grande prestígio como são os oblatos de Milão, formidáveis pregadores de retiros espirituais e de missões populares, bons superiores e excelentes professores de seminário Maior – o Padre Ângelo Angioni tem já outras idéias: desejava ardentemente voltar de novo a pertencer ao Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras de Milão (PIME) onde, em 1932, tinha sido recebido pelo Superior Geral Padre Paolo Manna, e onde tinha feito os estudos filosóficos, o noviciado e o primeiro ano de teologia.          
               Por motivos de saúde tinha voltado à Sardenha para se fortalece e viver no clima em que tinha nascido.
              O problema era por isso nestes termos: renunciar ao projeto de voltar ao antigo Instituto para fundar os Oblatos Diocesanos.
             Padre Ângelo pensou: estamos num tempo de guerra na Europa. As comunicações com a Itália estão interrompidas, e até quando vão permanecer assim? Na mente dele entrou este pensamento:             Vossa Excelência promete que, com estes Oblatos, um dia embora longínquo tomarão aos cuidados da Diocese um território de missão?”.
             Mons. Cogoni então refletiu por alguns instantes depois respondeu: “Sim!”. – Ele era homem de palavra.
             Se for assim logo me ponho a trabalhar e farei para esses Oblatos um Plano Missionário. (livro-plano missionario)http://monsrangelo.no.comunidades.net/